Santa Rita, olhe por nós

Foto: Artur Lopes

"Numa noite de outubro de 2015, na Rita: estávamos em um grupo de 9 mulheres e, assim como diversas outras pessoas no lugar, estávamos sentadas, conversando e bebendo. Não notei instantaneamente que havia chegado um homem, aparentemente bêbado, e que conversava com uma das meninas do outro lado da mesa. Eu não conseguia entender o que ele falava e também não achei que ele ficaria o tempo que ficou em pé ao lado da mesa tentando manter algum contato. 

Eu só fui realmente entender o que ele falava alguns minutos depois que ele permanecia no mesmo lugar, justamente porque aumentou a tonalidade da voz dizendo que éramos putas e que não estávamos dando ouvidos pra ele por ele ser 'negro e gay'. Insistia em nos pedir dinheiro e, mesmo depois de termos falado que não tínhamos nada para dar, ele continuava falando, dessa vez mais alto e em direção às pessoas ao nosso lado. Apontava nossa mesa sobre as cabeças e mesas de outras pessoas e agora nos chamava de recalcadas e que estávamos precisando de homem. 

Nesse momento eu achei que as ofensas já tinham acabado, mas ele retornou, e voltado pra mim e minha namorada. Não me lembro se estávamos encostadas, mas foi o suficiente para mais julgamentos e dedos apontados, dessa vez com a frase: 'olha as sapatonas'. Resolvemos permanecer caladas novamente enquanto ele continuava falando mais algumas coisas. Era melhor não discutir e esperar que ele resolvesse ir embora. E depois de um tempo, quando não conseguiu nada que esperava da gente, ele seguiu em direção a outras mesas."

"Foi a primeira vez que fui ofendida por estar acompanhada da minha namorada. A primeira vez exposta e julgada por ser homossexual. Mas, infelizmente, não a primeira, nem a última, por ser mulher."

_ Amanda Magalhães.

Anônimo

Nenhum comentário:

Postar um comentário